Sexo no cinema
Digo antes de tudo que não se trata de um texto sobre os “filmes de sexo” (pornôs, eróticos, e tais), que são produzidos com uma única finalidade: despertar a sexualidade nas pessoas, casais ou não. Não há outra razão em filmes que não possuem qualquer história e são formados por cenas de sexo, nos mais diversos níveis possíveis e imagináveis (e alguns, que parecem nunca terem sido pensados, mas que já existem). A pornografia é uma quebra do tabu social sobre a sexualidade humana. Diante de um filme desse tipo, todas as fantasias são liberadas e possíveis. E o maior aspecto desses filmes, além do sexo em sim, é a arrecadação de dinheiro para os produtores, afinal, sexo vende (e muito).
Contudo, o sexo fora desse universo, existe em uma vastidão de produções que não estão necessariamente ligadas ao sexo como tema central do filme. As cenas de sexo numa história existem nos mais diferentes gêneros de cinema e se aplicam a várias finalidades. Essa é a intenção do artigo que você está lendo: ilustrar com diferentes filmes a presença do sexo, de forma a destacar a função que a relação sexual tanto na história contada, como a sua manifestação perante o público que consome as produções.
O sexo no cinema tem a intenção de estimular as pessoas diante da necessidade humana do sexo, afinal de contas, ele é tão importante quanto o ar que se respira ou a comida que se come. Não se trata da relação afetiva entre duas pessoas (ou mais de duas, nunca se sabe), mas sim, da construção química e biológica humana em sentir prazer por meio do corpo, tanto o dela, quanto o corpo de outra pessoa. Mas o sexo nas telonas e telinhas também propicia outras experiências para o expectador, sem necessariamente estarem ligadas à essa necessidade de estímulo e preenchimento orgânico humano.
Filmes dos anos 70, como por exemplo, “Emmanuelle”, de 1974, surgiram para trazer o sexo a platéias maiores, que antes estavam restritas aos filmes pornôs e salas especiais para a exibição dessas produções. Altamente sensuais e até certo ponto explícitos (com nus frontais e cenas quentes), esses filmes mostravam belas mulheres buscando o prazer no sexo como forma de suprirem suas necessidades. Ao contrário dos filmes pornográficos explícitos, o público desses filmes não se constrangia pelas cenas, bem elaboradas e até certo ponto, delicadas e sublimes, com o sexo tratado de forma respeitosa e esteticamente bela. As musas do sexo, como Sylvia Kristel, tanto estimulavam quanto se tornaram ícones da própria cultura daquela década, já que provocavam tanto pelas cenas, quanto pela transformação na sociedade, afinal de contas, para um mundo conturbado pela paranóia de uma guerra, nada melhor que uma linda mulher em trajes menores (e de vez em quando, completamente desprovida deles).
Ainda nos anos 70, o clássico “O último tango em Paris” (1972) apresentava a história de um homem e uma mulher que independente da vida que levavam e do mundo à sua volta, construíram uma relação puramente sexual. Apenas o prazer era importante. Se hoje temos comédias sexuais, como “Amizade colorida” e “Sexo sem compromisso”, ambos de 2011, em que antes de qualquer coisa, a relação sexual é o que define a história, esse filme protagonizado por Marlon Brando e Maria Schneider é um dos referenciais sobre os relacionamentos casuais tão comuns entre homens e mulheres.
Ao contrário dos casais casuais, o relacionamento extraconjugal, e mais que isso, as relações sexuais entre casais e outros parceiros é algo abordado no último filme de Stanley Kubrick, “De olhos bem fechados” (1998). O sexo e o prazer com outros parceiros é algo comum nos personagens de Tom Cruise e Nicole Kidman, que procuram a satisfação além das quatro paredes de seu próprio quarto. Outros filmes como “Closer – Perto demais” (2004) e “Corpos ardentes” (1981) abordam o mesmo tema, sob visões diferentes, pautadas no drama e no suspense, respectivamente.
O sexo pode ser mostrado sob um viés fantasioso e até mesmo onírico, voltando a relação sexual mais para a sugestão do que para a exibição. É o caso de “Beleza adormecida”, uma produção australiana de 2011 sobre uma jovem que todas as noites sob efeito de remédios se submete a relações com diferentes parceiros, sem se lembrar de qualquer detalhe sobre a noite anterior. O que a garota sente quando está na cama com um desconhecido? Quais são suas sensações e pensamentos? É esta a ideia do filme que se mostra tanto artístico, quanto metafórico e polêmico.
O sexo como válvula de escape de uma geração adolescente reprimida e sem expectativa é algo muito comum nos filmes, principalmente, em produções de orçamento menor e mais experimentais, como “KIDS” (1994) e “Deite comigo” (2005), por exemplo. No primeiro, um garoto tem como único sentido para a vida estar na cama com diferentes mulheres e o outro filme, mostra uma garota que só se satisfaz quando transa com quem quer que seja. O sexo é visto nessas produções como necessidade dos jovens para a rápida e plena satisfação. Não se trata de construir um ideal do jovem contemporâneo como alguém que pode ter um futuro ou mesmo que tenha algo a dizer. É a crueza do “curtir o momento” e nada mais.
Os anos 90, aliás, se mostraram como uma época de explosão sexual nos cinemas, assim como duas décadas antes, explorando o mais agressivo possível nas cenas e histórias. O maior exemplo dessa época é o clássico “Instinto selvagem” de 1992, que valoriza o máximo do erotismo e da sexualidade possíveis na tela. E mesmo quando não há uma cena de cama, outros momentos como a “cruzada de pernas” é o máximo da fantasia sexual de todos os homens. Estímulo explícito pouco é bobagem.
Fonte: https://bloginterocitro.wordpress.com/2014/01/27/sexo-no-cinema/